terça-feira, 21 de abril de 2009

Reflexivo


Há quem diga que as crianças são cruéis. Que os mais fortes tendem a pôr de parte os mais fracos. Temos o exemplo disso na obra “O Senhor das Moscas" (Lord of the flies) do escritor William Golding, a partir da qual foram feitos três filmes.

Mas não precisamos de ler o livro, ou ver o filme para sabermos que isso é verdade. Todos nós, quando pequenos, púnhamos de parte aquelas crianças que, por algum motivo, se diferenciavam: tinham óculos, eram gordas, tinham um defeito físico, gaguejavam… Enfim, ou eram "normais" ou estavam tramadas. Mas afinal, no homem prevalece a maldade ou a bondade intrínsecas?

Quem não escapa à maldade dos miúdos, é certo, são os animais. O gozo que me dava meter uma palha pelo rabo de um moscardo, para ele voar sempre em frente, indo contra o que lhe aparecesse no caminho... meter cascas de nozes nas patas dos gatos, largá-los nas descidas de alcatrão e vê-los sem qualquer controlo até esbarrarem contra um muro... ou mesmo agarrar num sapo e meter-lhe um cigarro aceso na boca e esperar que ele explodisse.

Não fui o primeiro, nem serei o último a cometer tais "atrocidades".

“A Criança Espelho” (1990 The reflecting skin), do realizador inglês Philip Ridley começa onde eu acabei. Três miúdos agarram um sapo, enchem-no de ar e, com uma fisga, fazem explodir o animal. O filme é passado numa aldeia rural na década de 50, e conta a experiência de vida de um adolescente onde sexo, violência e morte são uma constante. Não encontrando uma explicação para as coisas, deturpa a realidade, levando-o a pensar que a vizinha Dolphin Blue (Lindsay Duncan), com quem o irmão (Viggo Mortensen) namora, é vampira e anda a matar as pessoas da comunidade.

Na fase da adolescência, ou nos deixamos levar pelo "faço o que gosto", seguindo a fantasia, ou se decide com sabedoria "faço o que me faz bem". À velha questão: "o homem é bom ou mau?" o jovem Seth Dove (Jeremy Cooper) responde com o reflexo da sua própria adolescência.


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