segunda-feira, 22 de junho de 2009

Uma questão de classe


O poder e o dinheiro sempre dividiram o ser humano. Segundo a visão marxista de mundo, a história da humanidade é a sucessão das lutas de classes, de forma que, sempre que uma classe dominada passa a assumir o papel de classe dominante, surge, em seu lugar uma nova classe dominada. Desde os nobres, ao clero e à emergente burguesia, não muito diferente dos chamados "Pato-bravos" do meu tempo, o dinheiro impulsionava o poder. A arraia-miúda sujeitava-se, bem ou mal, a ser governada. Com o desenvolvimento do sistema capitalista industrial, a estratificação das classes sociais segue a convenção baixa, média e alta.

Hoje, antigos cidadãos inexpressivos socio-economicamente, têm, pontualmente, vindo a ganhar uma crescente expressão na sociedade actual. Mas... e se a coisa corre mal? O que acontece se pegarmos num homem simples e lhe dermos dinheiro e poder? Ou se, pelo contrário, deixarmos um rico sem sustento? Qual será o comportamento de cada um deles?

"A experiência" (Das Experiment 2001) do alemão Oliver Hirschbiegel, realizador que viria a fazer o filme "A Queda" em 2004, traz-nos um estudo do comportamento humano numa situação específica. Vinte prisioneiros são escolhidos para fazerem parte de uma experiência socio-psicológica, a troco de dinheiro. São organizadas duas equipas: uma que representa os prisioneiros, a outra, os guardas. Mantidos numa zona afastada dentro da prisão, e com as regras do jogo definidas. Ao princípio tudo corre bem, mas a certa altura, o grupo que representa os guardas vai, inevitavelmente, abusar do poder que lhes foi conferido.

Esta experiência, inspirada em factos reais conduzidos por Philip Zimbardo da Universidade de Stanford numa prisão simulada em 1971, acabaria por revelar um duelo de poderes, que o filme comprova.

Resumo da ópera: nunca se deve julgar o comportamento das pessoas, pois nunca saberemos qual seria a nossa reacção numa situação similar.


Sem comentários:

Enviar um comentário