terça-feira, 7 de julho de 2009

Meu anjo


Lembro-me perfeitamente do ar guloso com que olhava para as raparigas, e dos comentários que fazia entre o meu grupo de amigos, como se fosse o único para quem as miúdas - de um calibre superior - pudessem, sequer olhar. Se passava uma gaja gira e "boa como o milho", orgulhosamente repetia a boca de que era "areia a mais para a camioneta" deles. Para mim, que dificilmente admitia que a minha camioneta não era diferente, era mais fácil defender-me, rotulando-as de estúpidas. No fundo, nenhum de nós acreditava que o outro pudesse namorar com uma miúda daquele campeonato mas, mesmo assim, não deixaram de ser alvo de arrebatadoras e secretas paixões.

André (Jamel Debbouze), uma figura de metro e meio, boémio, que deve dinheiro a meia-Paris, decide pôr fim à sua desgraçada vida, atirando-se de uma ponte. Acaba por saltar, não para se matar, mas para salvar uma loira escultural que, nesse mesmo momento, também se iria suicidar. Angel-A (Rie Rasmussen), vai ajudar André a resolver os seus problemas, que culminaram numa ameaça de morte. Ele acaba por se envolver por este misterioso ser caído do céu e, fruto dos laços criados entre ambos - com o intuito de tirá-lo do buraco em que se meteu - apaixona-se.

“Angel-A” (2005), filme do francês Luc Besson, é um filme bonito, sensual e cativante. A subtileza da cor do filme, (não é preto e branco, é uma cor descorada, com predominância no azul), leva a que nos foquemos invariavelmente no tom da imagem. Tão subtil quanto a suavidade dos movimentos de que a câmara de Besson é capaz, criando um ambiente envolvente.

Ainda bem que não me dou com o André... Ou lhe sacava a brasa, ou teria que engolir as bocas!

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