quinta-feira, 18 de junho de 2009

Amo. Sou forte.


Às vezes sinto que estou a desperdiçar a minha vida. Sinto que não estou bem onde estou. Sinto que tenho imenso para dar ao mundo. No entanto, mantenho-me sentado à espera que o tempo passe. Nasci com jeito para fazer quase tudo, mas acabei por não fazer nada de jeito. Talvez devido ao meu feitío, não sei. Sonho. Sonho todos os dias em fazer alguma coisa que realmente goste, mas acordo, ponho o sonho de lado e volto à minha inerte vida sem interesse algum.

Cada um "escolhe" aquilo que quer fazer da sua vida, uns mais do que outros, bem sei, mas temos essa hipótese. Por isso, não tenho o direito de me queixar. Se estou onde estou, e não mudo, mea culpa.


Morvern Callar (Samantha Morton), caixa de supermercado numa remota cidade costeira na Escócia, acha que a vida deve ser levada da melhor maneira possível, com os meios que temos. Não nos devemos queixar, mas sim aproveitar. Um dia chega a casa, e dá com o namorado morto no chão. Tinha-se suicidado. Deixou-lhe uma mensagem que dizia “Amo-te. Sê forte”, um cartão de crédito e uma disquete, contendo o romance que acabara de escrever. Decide então publicar o livro, como se fosse da sua própria autoria.

“A viagem de Morvern Callar” (2002), da realizadora escocesa Lynne Ramsay, consegue transmitir a angústia e a solidão desta mulher, cuja capacidade de adaptação surpreende até a sua própria vida. O princípio do filme é desesperante, porque passamos 10 minutos a advinhá-la sentada no chão, onde o encarnado do sangue se mistura com uma árvore de natal decrépita e meia dúzia de presentes mal embrulhados. A soberba intrepretação de Samantha Morton na pele da rapariga que não aceita a morte do namorado, leva-a a viver a sua rotina, enquanto o corpo vai apodrecendo lá em casa, até que decide começar a sua viagem.

A viagem é a fuga à realidade. Haja quem possa…


1 comentário:

  1. Adoro a Samantha Morton.
    Não costumo comprar filmes, mas comprei um com ela, "Na América"/"In America", que mostra que se deve acreditar e perseguir os sonhos.
    Já o vi várias vezes.
    bjs

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