William Foster (Michael Douglas), começou o dia mais ou menos como eu. Num dia igual a todos os outros, William acordou, vestiu a camisa, pôs a gravata, e foi trabalhar. Entrou no carro e arrancou, para não tardar a ficar preso no tráfego. Pegou na sua pasta de executivo e fechou o carro, deixando-o no meio da via ignorando as buzinadelas dos outros condutores. William atingiu o limite. Passou-se com tudo aquilo que pode levar à loucura um homem comum tão igual a nós.
O ritmo de trabalho, as necessidades familiares, as exigências e as pressões da cidade, a ansiedade, a violência, a corrupção, acumulado a tantos pequenos nadas do quotidiano como o egoísmo, a falsidade, o consumismo, a insensatez e estupidez alheia, a publicidade enganosa, a comida de plástico põe-nos em ebulição. Foi o que lhe aconteceu neste dia escaldante. William ferveu no dia em que a sua maior preocupação era chegar a tempo de comemorar o aniversário da sua filha. Esse dia iria mudar a vida deste pacato homem de família, da mesma forma que alterou a minha admiração por Douglas pela maneira como encarnou a personagem.
Joel Schumacher assina, em 1993, “Um dia de raiva” (Falling down), um autêntico documento sociológico que, a meu ver, deveria ser estudado na escola. É preciso saber "desligar", aprender a passar por cima ou contornar as adversidades do dia-a-dia, para não cair na tentação de voltarmos aos nossos instintos mais primários.
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