quarta-feira, 2 de dezembro de 2009
Michelangelo
quarta-feira, 25 de novembro de 2009
Marca negra
O meu corpo tem o mesmo vigor e a mesma energia que tinha na altura em que fui mordido. Não sei a minha idade, já há muito que deixei de contar os anos. A verdade é que, para sobreviver, preciso de me alimentar preferencialmente de sangue humano. Fascina-me o poder da mutação e a capacidade de voar. Desaparecer no nevoeiro e nenhum espelho me ver. O lado oculto e místico sempre me enfeitiçou. Mas, acima de tudo, o poder de sedução que me faz atrair as mulheres capazes de saciar a minha sede.
Muito se fala acerca de vampiros, será que existem? Será apenas uma lenda? Histórias sobre vampiros são bastante antigas e aparecem na mitologia de muitos países, principalmente na Europa e no Médio Oriente, na mitologia da Suméria e da Mesopotânia, contudo as referências mais antigas a seres vampíricos vêm do folclore da Índia, Tibete e do Antigo Egipto. Mas, se eles não existissem, qual seria a finalidade em criar uma sociedade espiritual como Aset Ka? Sendo esta uma instituição ocultista responsável por manter a tradição Asetiana, é a principal referência relativamente a conhecimento vampírico e a mais influente ordem de vampiros a nível internacional. A Bíblia Asetiana, cuja versão de acesso público foi publicada em 2007 por esta sociedade, foi escrita por Luís Marques, um autor de origem portuguesa.
“Nosferatu (1922)” de Murnau; “Drácula (1931)” de Tod Browning; “Drácula (1958)” de Terence Fisher; “Drácula de Bram Stoker (1992)” de Francis Ford Coppola, são eternos filmes sobre este tema, mas, “Deixa-me entrar” (Låt den rätte komma in 2008), do realizador sueco Tomas Alfredson é, como disse Nuno Markl: “De vez em quando, lá vem um filme que deixa um tipo completamente abananado… Deixa-me entrar não me sai da cabeça”. Óskar (Kåre Hedebrant), um frágil rapaz de 12 anos, é agredido e ridicularizado regularmente pelos colegas, sem nunca se tentar defender. O desejo do solitário rapaz em ter forças para se vingar só parece concretizar-se quando conhece Eli (Lina Leandersson), da mesma idade, que se muda com o pai para o apartamento do lado. Eli é uma rapariga pálida e séria, que só sai de casa à noite e parece não ser afectada pelas temperaturas gélidas. Coincidindo com a sua chegada, surge também uma série de inexplicáveis desaparecimentos e assassínios…
segunda-feira, 16 de novembro de 2009
E o mau sou eu
William Foster (Michael Douglas), começou o dia mais ou menos como eu. Num dia igual a todos os outros, William acordou, vestiu a camisa, pôs a gravata, e foi trabalhar. Entrou no carro e arrancou, para não tardar a ficar preso no tráfego. Pegou na sua pasta de executivo e fechou o carro, deixando-o no meio da via ignorando as buzinadelas dos outros condutores. William atingiu o limite. Passou-se com tudo aquilo que pode levar à loucura um homem comum tão igual a nós.
O ritmo de trabalho, as necessidades familiares, as exigências e as pressões da cidade, a ansiedade, a violência, a corrupção, acumulado a tantos pequenos nadas do quotidiano como o egoísmo, a falsidade, o consumismo, a insensatez e estupidez alheia, a publicidade enganosa, a comida de plástico põe-nos em ebulição. Foi o que lhe aconteceu neste dia escaldante. William ferveu no dia em que a sua maior preocupação era chegar a tempo de comemorar o aniversário da sua filha. Esse dia iria mudar a vida deste pacato homem de família, da mesma forma que alterou a minha admiração por Douglas pela maneira como encarnou a personagem.
Joel Schumacher assina, em 1993, “Um dia de raiva” (Falling down), um autêntico documento sociológico que, a meu ver, deveria ser estudado na escola. É preciso saber "desligar", aprender a passar por cima ou contornar as adversidades do dia-a-dia, para não cair na tentação de voltarmos aos nossos instintos mais primários.
terça-feira, 10 de novembro de 2009
Assustador
A droga é um problema real. Nunca me preocupei muito com isso. Toda a minha vida vivi com ela junto de mim sem nunca ter enveredado por aí. Claro que fumei charros, quem não o fez? Agora tenho dois filhos que crescem a uma velocidade alucinante e essa questão assalta a minha cabeça a cada dia que passa. Tenho visto de tudo e, não me venham dizer que isso só acontece aos outros, porque, seja qual for a educação, religião, nível social, o problema da droga não escolhe ricos ou pobres, pode bater à porta de qualquer um. Por isso sinto medo.
Considero que cannabis, heroína, cocaína, ecstasy, não são as únicas substâncias nocivas que levam à dependência. O álcool, o tabaco, os comprimidos para dormir, para não dormir, para acordar, emagrecer, ou mesmo para rir e nos sentirmos mais felizes, podem ser "drogas" tão ou mais viciantes quanto as outras. Os simpatizantes de policonsumos (associações de substâncias ilícitas e/ou lícitas), muito em voga nas camadas mais novas, não se consideram toxicodependentes, mas são uma preocupação crescente na sociedade.
segunda-feira, 9 de novembro de 2009
Mais um... menos um
Pois é. O facto é que tínhamos aulas, professores, contínuos, carteiras, canetas e cadernos para poder escrever, pintar, fazer contas. Quadros, giz e apagadores (que muitas das vezes serviam como arma de arremesso). Mas em certos sítios nada disso existe.
Quando o professor da escola primária de Shuiquan tem de se ausentar durante um mês é preciso encontrar alguém que o substitua. O responsável da aldeia procura nas redondezas quem o possa fazer, mas a única pessoa disponível para o trabalho é Wei Minzhi (Wei Minzhi), uma rapariga de 13 anos. A única coisa que o professor lhe pede é que não perca nenhum aluno. Mas, a vida não vai ser nada fácil para esta substituta, pois logo no primeiro dia fica sem uma aluna que aceita um convite de outra escola. Mais tarde, volta a perder outro aluno que parte para a cidade afim de arranjar trabalho, pois a mãe é doente e as dívidas são mais que muitas. A determinação de Wei é forte, e ela tudo fará para o trazer de volta.
“Nenhum a menos” (Yi ge dou bu neng shao 1999), filme em jeito de documentário do realizador chinês Zhang Yimou e primeira produção do ramo asiático da Sony, a Columbia Pictures Film Production Ásia, traz-nos um filme simples acerca de uma realidade existente no interior da china, tão real que os actores são pessoas normais filmadas no seu quatidiano.
sexta-feira, 6 de novembro de 2009
A surpresa da arte
Evelyn (Rachel Weisz), uma estudante de artes, conhece Adam (Paul Rudd), um atrofiado vigilante de um museu. Acha que ele tem potencial e começam um fervoroso namoro. Com o evoluir da relação, Adam, vai sofrendo uma tranformação, física e psicológica, que vai alterar toda a sua maneira de estar no meio social onde se insere. Phillip (Fred Weller) e principalmente Jenny (Gretchen Mol), seus únicos amigos, vão ser afectados por estas alterações de Adam. O ego de Adam está ao rubro até Evelyn apresentar o seu trabalho final de fim de curso, arrastando-o para um verdadeiro desmoronamento humano.
“A forma das coisas” (The shape of things 2003), é um filme baseado na peça de Neil LaButte e realizado pelo mesmo autor americano. Não é para mim uma obra prima, mas prima pela surpresa. Para quem vê milhares de filmes, como eu, não é fácil ser surpreendido.
Dormir de olhos abertos
O sono tem cinco estágios durante os quais as ondas cerebrais diminuem de intensidade até atingir um profundo estado de relaxamento. A baixa actividade mantém-se no hipotálamo, ligado à consciência, e no córtex cerebral, que controla os movimentos do corpo. No caso dos sonâmbulos, essas ondas, vindas de uma área do cérebro chamada ponte, são irregulares. Por isso não cumprem a contento a função de inibir a região motora. Como as áreas motoras permanecem activas, o sonâmbulo é capaz de se sentar, andar e trocar a roupa. Já a área relacionada com a consciência mantém-se quase inactiva. Isso explica que quem sofre desse distúrbio, não perceba o que faz nem se lembre de nada no dia seguinte.
“Transferência mortal” (Mortel transfert 2001), do francês Jean-Jacques Beineix, trata a história de Michel Durant (Jean-Hugues Anglade), um psicanalista que passa os dias no seu consultório a ouvir Olga Kubler (Helène de Fougerolles), uma perversa cleptomaníaca com tendências sadomasoquistas. De tal forma este assunto desperta Michel, que este acaba por adormecer nas consultas. Numa das sessões, enquanto “passava pelas brasas”, a paciente deixa-se matar. Quando o médico acorda e percebe que ela está morta e que foi asfixiada, vai ter alguns problemas para resolver: quem a matou? (as dores que tem nos braços podem levá-lo a pensar que terá sido ele); como se livrar do cadáver?; como não deixar a policia desconfiar de nada e como se desenvencilhar do marido de Olga que a procura incessantemente?
quarta-feira, 4 de novembro de 2009
Memórias de sotão
“Chansonia” era, para três amigos, o sonho de vida, como para nós eram aqueles teatros que fazíamos quando pequenos. Com a vitória da frente popular em França, decorre o ano de 1936, o pequeno gueto de Faubourg, é afectado pelo desemprego e pelas lutas sindicalistas, obrigando ao fecho do teatro de bairro. Pigoil (Gerard Jugnot), Milou (Clóvis Cornillac) e Jacky (Kad Merad), aliados a Deuce (Nora Arnezeder), vão lutar para que a Chansonia resista a estes tempos conturbados com a "ajuda" de Galapiat (Bernard-Pierre Donnadieu), o mafioso da vila. A vida de Pigoil ainda se complica mais quando lhe é retirada a custódia do filho e, para que possa resolver a situação, terá mesmo de arranjar trabalho.
“Faubourg 36” (2008), do realizador francês Christophe Barratier que, em 2004, nos tinha surpreendido com uma obra soberba chamada “Os Coristas”, devolve-nos a esperança de que podemos alcançar qualquer coisa na vida, se quisermos, bastando para isso acreditar e não deixar morrer o sonho.
segunda-feira, 27 de julho de 2009
Se eu fosse um gangster
Sempre achei graça aos gangsters. Poder fazer aquilo que se quer sem ter que dar explicações a ninguém, deve ser fantástico. São poderosos, contratam alguém para aniquilar quem desafie os seus caprichos, e pronto. Vestem-se bem, com estilo e fazem-se acompanhar por belas mulheres e altos carros. Vivem num mundo de luxo, cheio de dinheiro, jogo, álcool, sexo… Sabem viver!
Os chamados gangsters não são exclusivos da Itália. Yakusa, uma organização criminosa japonesa, é um clã, como se de uma família se tratasse, sendo talvez a mais rígida das hierarquias do mundo do crime. O oyabun (pai) é o chefe, wakashu são os seus filhos e kyodai os seus irmãos. Todos devem total obediência e lealdade ao oyabun, e em troca este oferece proteção a todo o clã. Os membros não devem ter medo de morrer pelo oyabun, e devem concordar com tudo o que ele diz.
“Ichi – O assassino” (Koroshiya 1 2001), do japonês Takashi Miike, é um filme sobre esses clãs. Anjo, um chefe yakusa desaparece e com ele desaparecem 3 milhões de ienes. Kakihara (Tadanobu Asano), leal membro devoto a Anjo, acha que este foi raptado, inicia uma busca sangrenta para descobrir quem o fez. Tarado como é, os seus métodos preocupam a todos, inclusive um ex-policia que vai contratar Ichi (Não Omori), outro tarado, para deter Kakahira.
O filme soma cenas de sangue e desmembramentos. Começa com um homem a espancar uma mulher... Logo a seguir um outro indivíduo pendurado por ganchos, leva com uma panela de óleo a ferver… Mas calma, ainda só passaram 10 minutos! Visualmente brutal e surpreendente o filme consegue não cair no estilo gore devido à genialidade de Takashi Miike.
Bem, e agora, se me permitem, vou tratar do meu clã.
quinta-feira, 23 de julho de 2009
Mente "espartilhada"
Em pleno início de século XX, Alma (Leonor Watling) é uma mulher moderna, muito “à frente” para o seu tempo, com horizontes amplamente alargados face às demais e casada com o conhecido psicanalista León Pardo (Àlex Brendemühl). Numa altura em que o interesse pelo estudo da mente está no auge, - com Freud a tentar dar um revolucionário status científico ao conceito de inconsciente - Pardo desaparece a poucos dias da visita do pai da psicanálise para uma palestra em Barcelona, onde decorre a acção. Alma pede ajuda a Salvador (Luís Tosar), seu cunhado, para analisarem os estudos do marido na tentativa de descobrirem o seu paradeiro. Com esta proximidade, Alma descobre que, apesar de conscientemente nunca o ter seduzido, Salvador nutre por ela desejos desde sempre reprimidos e, desse envolvimento nasce uma relação explosiva.
Numa subtil sátira à sociedade daquela época, a personagem principal serve de prenúncio às surpreendentes mutações socio-economicas e político-culturais que antecedem os Loucos anos 20. Os Estados Unidos da América emergem como potência mundial e por toda a Europa, surgem movimentos nacionalistas que alimentam a criatividade artística.
A partir de 1913, ano em Mary Jacob patenteava o soutien, esta peça ficaria eternamente aliada à busca da sedução. Alma, pela sua essência, terá sido uma das primeiras mulheres a pôr termo à “escravatura do espartilho”, digo eu. “Inconscientes” (2004), do catalão Joaquín Oristrell, é tudo isto e muito mais…
domingo, 12 de julho de 2009
"Não é justo!"
Giacinto Mazzatella (Nino Manfredi), perde um olho durante o expediente e, por isso, recebe uma indeminização de um milhão de liras. Esconde-as na barraca onde vive mas, com medo que alguém as roube, dorme abraçado a uma caçadeira e obriga a familia a viver na mesma divisão. "Feios, porcos e maus" (Brutti, sporchi e cattivi 1976), filme do italiano Ettore Scola, retrata a miséria humana através de uma família que habita um bairro de lata nos arredores de Roma. A pobreza extrema é uma realidade chocante e mostra a outra faceta da grande cidade. Marginalizados e com leis à sua medida, os habitantes do bairro construíram o seu próprio ghetto nas sobras e na indiferença da sociedade. Com noções éticas deficientes e inocentemente rudes, estes “indígenas” dão-nos uma nova visão do conceito de família. Filhos, pais, avós, amantes, penduras, motas e ratos, inventavam espaço na pequena baracche em que viviam, para comer, dormir, lavar a roupa e, simultaneamente fornicar.
Se calhar o meu pai tinha razão...
terça-feira, 7 de julho de 2009
Meu anjo
André (Jamel Debbouze), uma figura de metro e meio, boémio, que deve dinheiro a meia-Paris, decide pôr fim à sua desgraçada vida, atirando-se de uma ponte. Acaba por saltar, não para se matar, mas para salvar uma loira escultural que, nesse mesmo momento, também se iria suicidar. Angel-A (Rie Rasmussen), vai ajudar André a resolver os seus problemas, que culminaram numa ameaça de morte. Ele acaba por se envolver por este misterioso ser caído do céu e, fruto dos laços criados entre ambos - com o intuito de tirá-lo do buraco em que se meteu - apaixona-se.
“Angel-A” (2005), filme do francês Luc Besson, é um filme bonito, sensual e cativante. A subtileza da cor do filme, (não é preto e branco, é uma cor descorada, com predominância no azul), leva a que nos foquemos invariavelmente no tom da imagem. Tão subtil quanto a suavidade dos movimentos de que a câmara de Besson é capaz, criando um ambiente envolvente.
terça-feira, 30 de junho de 2009
Cabeça no ar
terça-feira, 23 de junho de 2009
Menino de coro
Quem ler esta descrição, há-de pensar: - porque é que o pai deste animal não o enfiou num colégio interno? Há-de achar que sou um selvagem, bárbaro e sem escrúpulos. Mas deixem que vos diga que… até não sou mau gajo.
“Cruel” (Ondskan 2003), nomeado para o Óscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2004, é a segunda longa-metragem do sueco Mikael Hafström. Propõe um amargurado olhar sobre os códigos sociais, a violência e o crescimento. Combina austeridade e fragilidade, sem estereotipos melodramáticos ou vícios de um típico “filme-choque”. O filme conta a história de Erik Ponti (Andreas Wilson), e a sua última oportunidade para se libertar de um passado de conflitos e violência. Mas o colégio é tudo menos um refúgio – aqui, o mal está sistematizado sob a forma da opressão.
segunda-feira, 22 de junho de 2009
Uma questão de classe
Hoje, antigos cidadãos inexpressivos socio-economicamente, têm, pontualmente, vindo a ganhar uma crescente expressão na sociedade actual. Mas... e se a coisa corre mal? O que acontece se pegarmos num homem simples e lhe dermos dinheiro e poder? Ou se, pelo contrário, deixarmos um rico sem sustento? Qual será o comportamento de cada um deles?
"A experiência" (Das Experiment 2001) do alemão Oliver Hirschbiegel, realizador que viria a fazer o filme "A Queda" em 2004, traz-nos um estudo do comportamento humano numa situação específica. Vinte prisioneiros são escolhidos para fazerem parte de uma experiência socio-psicológica, a troco de dinheiro. São organizadas duas equipas: uma que representa os prisioneiros, a outra, os guardas. Mantidos numa zona afastada dentro da prisão, e com as regras do jogo definidas. Ao princípio tudo corre bem, mas a certa altura, o grupo que representa os guardas vai, inevitavelmente, abusar do poder que lhes foi conferido.
Esta experiência, inspirada em factos reais conduzidos por Philip Zimbardo da Universidade de Stanford numa prisão simulada em 1971, acabaria por revelar um duelo de poderes, que o filme comprova.
Resumo da ópera: nunca se deve julgar o comportamento das pessoas, pois nunca saberemos qual seria a nossa reacção numa situação similar.
quinta-feira, 18 de junho de 2009
Amo. Sou forte.
Cada um "escolhe" aquilo que quer fazer da sua vida, uns mais do que outros, bem sei, mas temos essa hipótese. Por isso, não tenho o direito de me queixar. Se estou onde estou, e não mudo, mea culpa.
A viagem é a fuga à realidade. Haja quem possa…
quarta-feira, 17 de junho de 2009
O Rei manda
Contrariando as suas convicções ideológicas, o tema do projecto semanal imposto ao professor Rainer Wenger (Jürgen Vogel), em tempos defensor do modelo anarquista, vai ser a Autocracia. A descrença dos alunos na possibilidade de ver um regime fascista instalado na Alemanha dos dias de hoje, vai servir de desafio ao conhecido "Rainer". Desde logo, o professor dá lugar a um Herr Wenger, que simula um sistema de ensino autocrático, liderado por ele próprio, para lhes provar como é fácil incutir os benefícios da igualdade, da justiça e da ordem. Os mais tímidos sentem-se integrados e com força para enfrentar tudo e todos, antigas rivalidades deixam de existir e problemas xenófobo-raciais deixam de fazer sentido. O facto de não terem de pensar por eles próprios, integra-os e repousa-os.
quarta-feira, 27 de maio de 2009
Uma chamada para o mundo
Macacas me mordam!
A história é, basicamente a mesma, em versão feminina, desta feita em jeito de sátira ao King Kong de 1933. A gorila Queen Kong vai apaixonar-se pelo protagonista da história, Ray Fay (Robin Askwith), protegendo-o dos perigos da selva. O trocadilho dos nomes acentua o tom irónico do filme, visto que a actriz Fay Wray era a “namorada” do King Kong. Embora Ray sinta alguma coisa pela gorila, não vai evitar que a raptem e a levem para a cidade.
Filme em tom de gozação, cómico/dramático, musical e com muitas mulheres quase despidas (algumas até valem a pena), chega a ser considerado um filme de culto para alguns cinéfilos menos exigentes.
terça-feira, 19 de maio de 2009
O menino dança?
domingo, 10 de maio de 2009
"Grande Vaca!"
sábado, 9 de maio de 2009
Eu, viúva, 8 anos
Entro numa casa onde só há mulheres. Que fazem elas ali? Onde estão os homens que deveriam tomar conta de nós? Onde está a felicidade destas pessoas que estão apenas à espera que o tempo passe? Não percebo.
"Água" (2005), da indiana Deepa Mehta é o último filme da trilogia Elementos, a que pertencem também "Fogo" (1996), e "Terra" (1998).
quarta-feira, 6 de maio de 2009
Tatoos
“A Luz” (1987), do Maliano Souleymane Cissé, que vi no cinema ACS em Alvalade, foi um desses filmes. Pouco me lembro. Para além da fotografia, recordo vagamente a viagem de um homem com poderes mágicos. Nunca me esqueci do nome do realizador, do título do filme e da sensação de ter saído do cinema "iluminado".
“Café Bagdad”, realizado pelo Alemão Percy Adlon em 1987, foi outro dos casos. Ainda tenho presente as personagens do filme, as vidas de pessoas que encontramos todos os dias, mas cuja vulgaridade não nos leva a procurar conhecer mais a fundo como, por exemplo, a gorda Jasmin (Marianne Sagebrecht).
A cor dos filmes de Akira Kurosawa transmitiram-me sensações inesquecíveis. Pode parecer uma mera curiosidade, mas o facto de os filmes serem previamente desenhados em papel pelo realizador, não é puro acaso. Lembro-me de "obrigar" os meus pais e o meu irmão a ir ao cinema mundial ver o "RAN" (1985). Claro que aproveitaram as quase três horas de filme para dormir, enquanto eu me rendi às lutas de cores.
O primeiro filme dos Irmãos Coen, "Sangue por Sangue" (1984), foi, para mim, genial. Perfeito enredo filme Noir: marido-mulher-amante envolvidos em esquemas intensos, quase desprovido de luz (eu até tinha ideia do filme ser a preto e branco).
E quem se esquece da nudez explícita de Valérie Kaprisky no filme do polaco Andrzej Zulawski, "A Mulher Pública" (1984)?
Enfim, poderia estar aqui a escrever páginas e páginas sobre pormenores que nunca me abandonaram em filmes que outrora vi. São esses pequenos-grandes nadas que os tornam especiais, autênticas tatuagens.
segunda-feira, 4 de maio de 2009
Brincar aos médicos
Se te propusessem matar alguém, quem matarias? Será mesmo preciso uma razão para matar? Ou qualquer motivo serve? Como animais que somos, fará parte da natureza humana?
Patologia (2008) - derivado do grego pathos, sofrimento, doença, e logia, ciência, estudo - de Marc Schoelermann, é um filme extraordinário e inquietante. O início do filme remete para uma possível realidade passada numa morgue, e desafia o bom senso, no sentido em que os cadáveres são tratados como brinquedos de carne e osso. Um grupo de jovens médicos-legistas entra numa escalada competitiva, um verdadeiro "jogo", para conseguir determinar as causas da morte. A rivalidade entre colegas obriga a um despique constante para eleger aquele que consegue descobrir a razão do corpo estar sem vida. Mas, a certa altura, o grau de exigência das autópsias deixa de ser desafiante, e a busca de novos estímulos leva-os a estados alucinantes e inconscientes. Há que subir de patamar.
"Let's take a look inside"?
quarta-feira, 29 de abril de 2009
Sangue, muito sangue
O cinema Gore é conhecido pelas exageradas cenas de desmembramentos vários, estripamentos, cabeças esmagadas, olhos furados, cérebros abertos e sangue, muito sangue. Filmes violentos existiram e sempre vão existir, mas o que torna o Gore irresistível são as suas imagens explícitas. Este tipo de filmes atrai as pessoas pelas suas cenas chocantes e de mau gosto. Enquanto uns se sentem seduzidos, outros poderão perguntar: "mas porque quero eu ver filmes com sangue e desmembramentos?" mas essa não é a questão. A questão é poder não vê-los, por opção. A escolha é sempre importante. Devemos poder escolher por nós, e não sancionar as escolhas de terceiros.
Amante deste tipo de cinema, passei a apreciar o género e vi: "A Noite dos Mortos-Vivos" (1968), “O Despertar dos Mortos” (1978); “O Dia dos Mortos” (1985) de George A. Romero; “Massacre no Texas” (1974) de Tobe Hooper; “Holocausto Canibal” (1980) realizado por Ruggero Deodato; “Bad Taste” (1987), “Meet the Feebles” (1989) e “Braindead” (1992) de Peter Jackson; “Suspira” (1977), “Inferno” (1980) e “Phenomena” (1985) de Dário Argento ; “Fogo Maldito” (1987) de Clive Barker; “A maldição dos mortos-vivos” (1988) foi o nome dado em português ao filme de Wes Craven, “The serpent and the rainbow”. Ainda bem que o filme não foi traduzido à letra, senão teria ido ao cinema com a minha filha a achar que ia ver um filme do principezinho.
sexta-feira, 24 de abril de 2009
Sopas de tomate
Ouve-se um estrondo ao longe, a terra treme um pouco. Mas passa despercebido aos habitantes desta cidade. Passam-se uns minutos… um novo tremor, desta feita bem sentido. As pessoas não sabem bem o que se passa. Param por uns minutos mas voltam à correria do costume.
Mas, de repente… o barulho é ensurdecedor, a terra parece fugir debaixo dos pés. Elas deixam de fazer o que estavam a fazer e a visão que lhes aparece é inimaginável. É aterrorizadora. É indescritível.
Elas correm. Elas fogem. Escondem-se… mas não há para onde ir. A cidade é tomada, e os corpos dos cidadãos, que outrora viviam naquela pacata cidade, amontoam-se ensanguentados pelas ruas. Cabeças abertas, membros dispersos, tripas esventradas, invadem a cidade sangrenta.
Não há como pará-los. Ninguém sabe o que fazer. Nem Estados ou governos. Nem exército ou marinha. O mundo está perdido. Ninguém está a salvo. Esta cidade está tomada. Preparam-se agora para "ganhar tomates" e invadir outra.
terça-feira, 21 de abril de 2009
Gooooooolo!
Quando chego ao escritório no malfadado dia de Segunda-feira "levo" sempre com os meus colegas a falar da jornada do fim-de-semana. Eu não consigo acompanhá-los. Para além de não ter visto grande coisa, eles utilizam palavras e frases que desconheço, género: “domina o esférico e faz uma assistência; defesa homem a homem ou à zona; pontapé na atmosfera; meio-campo em losango…” por mim, até acho que deveria ter dado mais atenção às aulas de filosofia!
Apesar de não gostar, vou abrir uma excepção para o chamado desporto-rei, e falar de cinco filmes que têm importância naquilo a que me proponho. E não estou a falar da “Angústia do guarda-redes na altura do penalty” (1972) de Wim Wenders, cuja a única memória que tenho prende-se com a curiosidade que o título desperta.
Começo pelas senhoras: Bend it like Beckham (2002) do queniano Gurinder Chadha, que nos fala dos costumes indianos, e de como uma rapariga vai enfrentá-los, ao optar por uma carreira numa equipa de futebol feminino.
Dias de futebol (2003) do Espanhol David Serrano, em que quatro amigos com vidas desprovidas de qualquer interesse têm finalmente um objectivo comum: voltar a juntar a equipa de futebol que tinham na sua juventude.
Na maior (2000) do Inglês Mark Herman, onde dois amigos pobres e delinquentes, tudo vão fazer para conseguir um passe de época para assistirem aos jogos do Newcastle.
À semelhança de “Fuga para a vitória” (1981) de John Huston, A Máquina (2001) do realizador Barry Skolnick, conta-nos a história de alguns prisioneiros que se juntam e formam uma equipa para defrontar os guardas prisionais.
E por fim Stephen Chow traz-nos uma comédia de futebol "marcial" cheia de acção e efeitos especiais, Shaolin Soccer (2001).
Com tantas sugestões... só eu sei porque não fico em casa.
Reflexivo
Quem não escapa à maldade dos miúdos, é certo, são os animais. O gozo que me dava meter uma palha pelo rabo de um moscardo, para ele voar sempre em frente, indo contra o que lhe aparecesse no caminho... meter cascas de nozes nas patas dos gatos, largá-los nas descidas de alcatrão e vê-los sem qualquer controlo até esbarrarem contra um muro... ou mesmo agarrar num sapo e meter-lhe um cigarro aceso na boca e esperar que ele explodisse.
quinta-feira, 16 de abril de 2009
Quem canta seus males espanta
John Turturro encontrou, na sua terceira longa-metragem, a maneira de as suas personagens expressarem os sentimentos mais profundos. Todos elas falam, conversam, dialogam, mas quando chega a altura de expressarem os seus sentimentos mais profundos... cantam.
Para demonstrar como ele descobriu que a mulher o traía Cousin Bo (Christopher Walken) canta “Delilah”, ao som de Tom Jones marcando um dos momentos altos do filme (vejam o clip).
“Romance & Cigarros” (2005) é um filme sobre a realidade vivida pela classe trabalhadora, em que o dia-a-dia é retratado através da música. James Gandolfini, Susan Sarandon, Kate Winslet, Steve Buscemi, Christopher Walken, Mary-Louise Parker, Eddie Izzard, Adam LeFevre são alguns dos actores que levam este filme a bom porto.
terça-feira, 14 de abril de 2009
De perder a cabeça
Como animar uma pessoa
Como podem imaginar, ela saiu de lá um pouco perturbada, mas não foi assim tão grave, pois casou comigo na mesma.
Passados estes anos, estou a tentar arranjar o remake que Michael Haneke fez do mesmo filme, para podermos ver em família, se a Joaninha ainda suportar...
domingo, 12 de abril de 2009
À porta do céu
sábado, 11 de abril de 2009
Procura-se carne fresca
quinta-feira, 2 de abril de 2009
Vai um cigarrinho?
"Obrigado por fumar" pode classificar-se como comédia/drama visto que nos leva, a brincar, ao mundo do tabagismo e das suas consequências. Carregado de estrelas, este filme realizado por Jason Reitman em 2005, o mesmo que viria a realizar "Juno" dois anos mais tarde tem para mim uma frase que descreve bem as pessoas que vencem no mundo dos negócios. Quando o filho lhe pergunta porque é que o pai faz o que faz, ele responde-lhe que só o faz para pagar as contas. E como o faz é simples, a pessoa tem sempre razão basta que argumente melhor que o outro.
Isto é um sonho!
Michel Gondry, realizador de clips musicais tem na “La Science dês Rêves” (2006) (A Ciência dos Sonhos) mais uma longa metragem. Ele cria um imaginário na personagem de Stéphane (Gael Garcia Bernal) onde representa os sonhos como se fossem passados num canal de televisão. Aqui os sonhos são trabalhados como se de uma verdadeira ciência se tratasse. Os sentimentos dele em relação à mãe, ao padrasto, ao pai, aos colegas de trabalho e às pessoas por quem se apaixona, são aí debatidos e explorados.